segunda-feira, 24 de outubro de 2011

30 livros em um mês - dia 16

O do dia 16 é "um livro favorito que virou filme". Já escrevi aqui sobre um deles. Então o de hoje será "O Nome da Rosa". Umberto Eco. E começo contando que li O Nome da Rosa em italiano, que eu entendo bastante bem, mas só bastante. Li muito livro de economia em italiano, o que me deu um bom vocabulário - de economia. Aí me meti a ler (porque tinha na casa dos meus pais) o Umberto Eco: metida geral. 
Mas é também uma brincadeira, também um exercício que gosto de fazer: aprender língua através de livros. Lembro de um personagem de Julio Verne que fazia isso: só que como era muito distraído, ia prá Argentina e leu (com gramática e dicionário) "Os Lusíadas"... 
Enfim. Livro em língua que não se conhece direito é um pouco mais misterioso, às vezes mais assustador. 
O primeiro Agatha Christie que li em inglês eu entendia mais ou menos uma palavra em cinco, e o jogo era não olhar no dicionário: eu ia testando significados e quando achava um que se encaixava bem voltava, pra ver se encaixava em todas as ocorrências. A palavra "nod" eu só consegui identificar no final do livro, e me orgulho disso até hoje (tanto que acho que já contei isso em outro post...).
Divago. 
Domingo à noite. 
Sol em Escorpião, chegando agora.
Sobre o livro: tudo de bom, claro. História policial. Acenos aos amantes do gênero, como o nome do personagem principal: Guilherme de Baskerville. Num monastério, lugar excelente pra crimes. Envolvendo biblioteca, livros, copistas. E cheio de paralelas, como a deliciosa discussão entre monges sobre  a pobreza de Jesus. Horas discutindo se Jesus teria carteira - o que provaria que não era pobre. Pobre não tem carteira. 
Montes de rodapés sobre grupos religiosos da Idade Média.
Um livro bom de ler à beça.


E o filme de Jean-Jacques Annaud é uma adaptação que considero fantástica. Porque transformar aquele livrão num filme de duas horas é um feito: de quem será o roteiro?


[pausa pra verificar]


Voltando... o roteiro é de quatro pessoas, que não vou listar aqui (gente em excesso). Mas nem me admira tanta gente envolvida. Ficou muito bom e era bem difícil. Porque tem tramas demais, questões demais. O roteiro do filme ficou limpo e manteve as questões  principais, a meu ver: a história de suspense, o contexto religioso, a questão filosófica fundamental envolvendo os assassinatos - o poder subversivo do riso. Questão extremamente atual. De que riso se fala quando se fala em riso subversivo. Já que, como temos visto repetidamente, há risos também extremamente conservadores. Mas os cartunistas em épocas de ditadura não se enganavam quanto a seu próprio papel: o riso tira o poder dos opressores, o riso dá ânimo e energia aos que lutam. O riso liberta. 


A gente precisa se lembrar, e quem sabe reaprender.





3 comentários:

  1. Ai, renata, você bagunçou meu comentário todo. Porque já vinha certinho o que dizer e aí dou de cara com o "meu" Henfil.

    Então: eu amei O Nome da Rosa desde o nome do GB e me achei toda toda sagaz de sacar a menção. Mas não li em italiano não (depois te conto dos livros que li em italiano, você vai rir).

    Gosto de tudo que li do Eco (não li tudo dele, claro) mas esse é um dos mais queridos junto com Baudolino, talvez por estarem entre os primeiros que conheci.

    No mais, o riso é como o prazer, extremamente subversivo quando permite um ir e vir entre o eu e o outro, né?

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  2. Eu li O Nome da Rosa em italiano porque sou metida mesmo, Luciana. Nenhum professor de italiano sensato me daria autorização pra tanto... :) Mas tenho pensado sobre essa história do riso, tenho querido entender porque ele é às vezes tão subversivo, às vezes tão conservador - e como conceituar um e outro. Você tem alguma pista?
    Bjs e obrigada pela visita!

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  3. Bom, pensar formalmente sobre isso ainda não pensei, mas assim que li seu comentário pensei que o riso é libertador quando é, ele mesmo, uma relação inclusiva. Quando rimos com o outro e não do outro. Quando equivale a uma cumplicidade.

    Vou pensar mais. lembrei do chiste, né?

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